Os sinais de retomada da economia provocam mudança no comportamento empresarial. Se entre 2016 e 2017 as demissões faziam parte da rotina das companhias de todos os tamanhos, neste ano, as organizações retomam as contratações e preparam a estrutura para um novo ciclo.
Consultora da Capital Verde, Fabiana Corbellini afirma que nos dois anos que passaram 60% das empresas demitiram, enquanto em 2018 87% estão contratando. "Vemos esse movimento econômico da região pelos processos de seleção realizados."
Conforme Fabiana, o Vale do Taquari tem empresas grandes com setores de recrutamento e seleção, mas um grande volume de organizações menores sem estrutura definida. Para ela, essa desestruturação preocupa, uma vez que os processos de contratações são cada vezcontrataçãomais estratégicos.
"Não se pode mais contratar de qualquer jeito", avalia. Ressalta a importância de indicadores como média de permanência do funcionário, tempo médio de contratação, custo do processo e demora entre a abertura da vaga e a finalização.
Para que uma contratação seja mais assertiva, é fundamental ter muito clara a definição do perfil esperado e do tipo de atividade que será desenvolvido por esse profissional. "Muitas vezes, as empresas não têm nem ideia do que querem, o que faz com que os processos sejam negativos, gastando muito tempo para a contratação de um profissional que não permanece."
Segundo Fabiana, apressar um processo de contratação é um dos motivos para a baixa eficiência. "Quanto maior o tempo para achar o candidato, mais custo teremos, mas, se fizer um processo rápido e não acertar, a perda é maior ainda."
Lembra que após a seleção existe todo um processo burocrático para contratar o funcionário, incluindo o exame médico funcional e todas as legislações que oneram a contratação. Isso sem contar custos raramente medidos, como treinamento, compra de equipamentos ou de reestruturação de um setor para receber o profissional.
Legislação flexível
A mudança na Lei Trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017, flexibilizou as relações entre patrões e empregados e abriu a possibilidade de contratações temporárias. Conforme Fabiana, a mudança na lei ainda não resultou em grandes alterações no mercado de trabalho, e 72% das empresas continuam contratando por meio da CLT.
"São mudanças ainda um pouco vagas, por isso, o empreendedor não se sente tão seguro", ressalta. A escolha por trabalhadores permanentes também está relacionada à busca pelo sentimento de pertencimento por parte dos profissionais contratados, complementa.
Desafio nas vendas
Uma das principais lacunas do mercado de trabalho pós-crise continua sendo a formação de equipes comerciais qualificadas. De acordo com Fabiana, em um mercado que oferece vagas com salários inferiores ao esperado por profissionais administrativos ou operacionais, é na área de vendas que estão as remunerações mais elevadas.
"Nosso maior gargalo é na formação de bons vendedores", aponta. Segundo ela, ao identificar essa dificuldade, a Capital Verde criou uma escola para desenvolver as competências de profissionais em busca de resultados nas vendas, com início das aulas previsto para agosto.
29 MAI